terça-feira, 10 de janeiro de 2012

Cuidado com o Sr. Cleber Salazar




Não sei se você viu uma reportagem que foi exibida no domingo passado (08.01.2012) envolvendo a pessoa do cidadão brasileiro de nome Cleber Salazar (para ver a reportagem completa é só acessar o portal g1.com.br).

A acusação é que o homem comanda um esquema de fraudes em bombas de combustível no Paraná (noutros estados tal pratica também já está presente). A fraude é processada através de uma placa que é colocada dentro das bombas de gasolina e acionada por controle remoto. Ao acionar o sistema, a bomba processa o número exato de litros solicitados pelo consumidor (exemplo da reportagem foi de 20 litros), porém a metragem de litros oficialmente que vai para os tanques dos automóveis é sempre menor que a marcada na bomba (diferença varia em até 2 litros por 20 litros comprados). Portanto, num abastecimento de 60 litros, o consumidor é burlado em 6 litros de combustível. Quando a fiscalização chegava e pedia para que o combustível fosse colocado num recipiente próprio, que consta a quantidade exata de litros (20 litros), a metragem em litros e a apresentada na bomba conferia. O problema era assim mascarado, pois no momento desejado alguém do posto (parte da máfia) desligava a placa via controle remoto escondido no bolso. Portanto, ninguém conseguia confirmar tal roubo. Até que a reportagem conseguiu desmascarar essa terrível prática.

O que me inspirou escrever esse texto foram algumas coisas que encheram minha mente e coração. Primeiramente, porque é triste viver num país e ter fatos concretos que afirmam que somos fraudados o tempo todo. Não só a sensação é essa, mas o fato também. Somos fraudados nos postos de gasolina (eu mesmo já questionei várias vezes alguns postos que ao colocar gasolina no meu carro – estando o tanque vazio – num posto couberam 42 litros e noutro 46 a 48 litros. Como podia acontecer isso?). Somos fraudados nas balanças de mercearias, fraudados no conserto de algum aparelho eletrônico, fraudados no atendimento médico, fraudados nas lojas comerciais, nas oficinas mecânicas e até mesmo nos templos religiosos. Parece que a fraude virou algo tão comum que chega a fazer parte do caráter do brasileiro (na verdade o ser humano como um todo é um ser corrompível). Triste constatação.

Minha segunda preocupação é que em fraudes desse tipo sempre precisa do outro lado da moeda. Em algumas fraudes podemos agir sozinho. Porém, na grande maioria das fraudes sempre tem que haver mais gente envolvida. Portanto, tem que haver o agente corruptor e o agente corrompido. Só assim a fraude funciona. E no caso da reportagem, os donos de postos são uns verdadeiros corruptos e ladrões (safados mesmos). Novamente vejo nosso povo e nossa gente com uma pratica doentia e terrivelmente podre. Parece que o lema “o negócio é levar vantagem em tudo” é o que prevalece.

Sei que você que está lendo esse texto tem um monte de casos (ou até infelizmente faz parte) de fraudes que sabe que estão acontecendo e que para acontecer precisou e precisa da conivência de duas ou mais pessoas. São meias notas fiscais emitidas ou compradas em branco. Peças falsificadas, compras de combustível irregular e muitas outras coisas. Poderia nomear um milhão de fraudes aqui. Contudo, em todas elas sempre com um monte de gente envolvida.

A terceira coisa que veio em minha mente e coração é que será que só é possível ter alguma coisa na vida fraudando, roubando ou falsificando? Já fiz essa colocação aos meus irmãos da fé cristã. A pergunta que sempre faço é: Quantas mentiras foram ditas para que você pudesse comprar seu carro, construir sua casa ou alcançar algum benefício? Claro que quando pergunto assim não estou acusando ninguém, mas sei que fazemos parte de uma rede de corrupção e sei quem é o ser humano (afinal de contas também sou um). Portanto, é necessária muita força de vontade, bom caráter e disposição para se manter limpo.

Finalmente, uma das inquietações maiores do meu coração é quanto às depravações nas relações humanas. Parece que tudo vale apenas na base do lucro e da usurpação. Sempre há um cheiro no ar que estamos sendo enganados. O que imagino é que as relações humanas são construídas em torno de fraudes e mais fraudes. Porém, antes que alguém me acuse de pessimista ou de juiz, explico que não estou dizendo que minha relação com minha esposa, amigos e outros seja podre. Não é isso. O que estou pensando são nas relações que visam algum benefício financeiro ou benesse. A sensação que tenho é que quase sempre cheira mal – muito mal. Como ouvi num filme algum tempo: “todo mundo usa todo mundo”. Aqui poderia tecer muitas coisas, mas apenas diria que se usássemos os outros ainda que não o fraudasse seria menos mal (não pense aqui no sentido de usar no sentido de abusar ou no sentido pejorativo, mas no sentido de que o outro faz parte do processo que pode me beneficiar em algo – algo que pode acontecer sem fraude algum).

Como cristão, fico pensando nas milhares de pessoas que são fraudadas no meio da fé. Expressões como “em nome de Deus”, “para glória de Deus”, “é da vontade de Deus” e “Deus vai lhe abençoar” entre outras são comumente usadas nos meios religiosos como forma fraudulenta em relação aos féis. No âmbito da vida como um todo, também a sensação que tenho é que estamos numa grande teia de fraudadores. Mas, peço a Deus e a meu Mestre que me ajude a não ser mais um que contribui para que a rede seja mantida e estendida.

Concluindo digo: cuidado ao colocar combustível em seu automóvel. Melhor dizendo, cuidado ao colocar os pés na rua. A qualquer tempo e em qualquer lugar você pode ser alvo de mais um fraudador. Porém, na pior das hipóteses não se torne cúmplice com as obras deles. No início do texto usei a expressão “cidadão brasileiro” ao citar o homem Cleber Salazar como suspeito de ser mentor de mais uma fraude em nosso país. Mas, me pergunto se tal expressão pode ser associada a quem traz tanto prejuízo aos cidadãos de nossa amada pátria. Legalmente até que sim, mas moralmente não. Tenha cuidado com o Sr. Cleber Salazar, principalmente aquele que pode evidenciar em ti mesmo.

Um abraço.

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