
Olá!
Essa é a expressão que mais tenho ouvido nesses últimos dias pela boca dos líderes religiosos. Expressões como “um momento imperdível”, “começar o ano novo diante de Deus” ou “preparar espiritualmente para o novo ano” entre outras são as declarações do momento. Mas, o que será mesmo entrar o ano novo na presença de Deus?
Infelizmente tenho que ser sincero e claro. O que está sendo dito significa ir ao templo, orar à meia-noite (isso sem falar que o fuso horário é diferente em cada parte do mundo), dar uma oferta de gratidão, etc. Caso esse seja o cenário pode-se considerar que tais pessoas entrarão o ano novo na presença de Deus e com a benção de Deus.
Creio honestamente que participar de uma reunião nas últimas horas do ano, com dezenas ou até milhares de irmãos na fé, seja algo de precioso valor. Porém, associar que estar ajoelhado à meia-noite, ouvir uma palavra, fazer uma oração e dar uma oferta configura entrar no próximo ano diante de Deus é forçar a barra demais.
Já passei vários réveillons dentro de um templo e outros muitos fora do templo. Contudo, e nem por isso, entrei o ano novo longe da presença de Deus e sem a sua benção. O que me parece é que o culto de passagem de ano é uma espécie de magia (evangélica) ou “benzimento” que garante um próspero ano novo. Como que estando presente naquele momento litúrgico seja uma garantia de benção maior e mais intensa.
Em meio a essas expressões, o malefício que tais declarações criam na mente dos crentes é imenso. O que acontece é que a consciência fica mais e mais escrava do pensamento de que apenas e tão somente estamos na presença de Deus e usufruindo de suas bênçãos caso a atuação no templo seja algo intenso e ordinário. Isso é um equívoco terrível.
Só como exemplo quero expor apenas uma questão. Como na concepção cristã não há neutralidade no que diz respeito ao mundo espiritual em relação aos seres invisíveis, podemos dizer que ou estamos na presença de Deus ou não estamos na presença de Deus. Mas, se no mundo espiritual, entendemos que há duas realidades - divina ou satânica - então se acreditamos que ao entrar o ano novo participando de um culto é estar na presença de Deus, quem não participa daquele momento está na presença de quem? Só pode ser na presença do diabo.
Mas você acredita nisso? Espero que não. E o que dizer daquelas pessoas que estarão internadas num hospital na passagem de ano? Estão fora da presença de Deus? E aqueles que converteram ao genuíno evangelho, mas estão encarcerados? Estarão longe da presença de Deus? E nossos irmãos que vivem em países onde a prática religiosa cristã é proibida? Como eles entrariam o próximo ano na presença de Deus? Eles estariam numa situação complicada, não é? E os milhares de cristãos que estarão trabalhando no exato momento que o relógio ultrapassar o último segundo ao ano velho e entrar no primeiro segundo do ano novo. Eles estarão na presença de quem?
De minha parte, prefiro hoje em dia, estar nesse momento com meus familiares, festejando, vendo fogos de artifícios, abraçando queridos e queridas que façam parte de minha existência. E isso tudo certo que estou na presença de Deus. Até porque não consigo viver sem que seja com o coração banhado da graça e bondade do Pai.
Penso que muitos líderes aproveitam desse momento para lucrar um pouco mais em cima da fé alheia. Mas, penso que a maioria são sinceros na busca da benção que procede do Alto. De fato, eles creem que ajoelhados, adorando através da música e fazendo orações nos últimos segundos do ano seja algo que define melhor o “estar na presença de Deus e entrar o ano novo na presença de Deus”.
Não me compreenda mal. Tudo isso é muito bom, faz parte das expressões da cristandade e de nossas práticas. Porém, definir que assim feito assim abençoado é uma distância imensa. Isso não é uma verdade. Pode ser um costume ou prática que esboça entrar o ano novo na presença de Deus, mas afirmar que é isso que define o fato de entrar o ano novo na presença de Deus é engano. Pergunto: não seria melhor, já que tem que acontecer um culto no último dia do ano (isso na maioria das comunidades evangélicas), que esse momento acontecesse mais cedo, terminasse mais cedo e, após os irmãos tivessem tempo de ir aos lugares onde seus familiares estão presentes e comungar da passagem de ano com eles? Creio que seria muito mais enriquecedor e até bíblico. Quando Jesus libertou um homem de milhares de demônios e aquele homem desejou seguir os passos de Jesus, o Mestre disse: “Vai para tua casa, para os teus. Anuncia-lhes tudo o que o Senhor te fez e como teve compaixão de ti”. Que riqueza imensa, hein!
Eu entrarei no próximo ano na presença de Deus. Poderia estar num templo e participando de uma liturgia cristã. Porém, estarei com minha esposa, filhos, irmão, sobrinhos e alguns chegados comungando a vida e a graça que vem do alto noutro lugar. Como toda alegria, paz e satisfação de pertencer a Cristo. Pois com sangue fui comprado e pelo sangue fui remido. Não pelas obras, nem pelo esforço, mas pela fé, que é dom de Deus e em tudo isso nada me glorio.
Um abraço imenso e boa passagem de ano. Seja onde você estiver. Mas que seja na presença de Deus.
Paulinho – amado do Mestre
 
 
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