
Invade-me não sei que sentimento de tristeza por ver que a juventude se foi e jamais voltará; e que estou entrando em plena decadência que inevitavelmente me levará ao fim. Não a essa tristeza, e sim ao modo com tu, ó meu Deus, organizaste a vida segundo as leis universais, pois as aceito em paz: o que começa, acaba; o que nasce, morre. E eu aceito em paz o fato de que um dia, inexoravelmente, tenha de acabar. Faça-se a tua vontade, Desapareceu a tristeza, amanheceu a paz.
Que dor! Foi um desastre horrível na estrada. O que terá ocorrido para além das explicações empíricas? Permitiu Deus que a lei da gravitação universal continuasse funcionando e como conseqüência sobreveio o desastre. Por que chorar? São fatos consumados que não serão alterador jamais. Não a esse dor, e sim, ó meu Deus, ao que permitiste; e, em vez de chorar e gritar todo o dia: “Porque, ó meu Deus?", aceito em paz que, como conseqüência do cumprimento inexorável da lei da gravitação, tenha-se produzido acidente horrível. Não poderia Deus ter evitado semelhante desastre? Absolutamente falando, sim, porque pôs ele uma lei que poderia depor. Mas em geral Deus é lógico consigo mesmo, e respeita a sua criação, constituída com base em leis universais. Reduzo, portanto, ao silêncio a minha mente, fecho a boca, e digo: “Faça-se. Tudo está bem. Tudo está em paz”.
Aceito em paz o fato de que eu não seja aceito por todos, e vá conseguir, com grandes esforços, pequenos resultados.
Aceito em paz, a lei da insignificância humana, ou seja, que, depois de minha morte, tudo continuará igual como se nada tivesse acontecido.
Aceito em paz que tudo na vida seja efêmero, precário, transitório, e que nossos sonhos sejam pelo vendo arrastados ao nada.
Aceito em paz o fato inexorável de que no mundo e na vida tudo passa e nada fica; tudo passa como o vento, as nuvens e as ondas do mar.
Deixa, pois, que as coisas sejam o que são. E, assim, como, tendo-se consumido inteiramente o azeite, o fogo da lamparina apaga, assim também, apagadas as guerras interiores.
Do Livro Itinerário Rumo a Deus de Ignacio Larranaga
 
 
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