
Jesus ao ensinar os discípulos a orar disse: Venha o teu Reino. Dentre muitas coisas que implica a vinda do Reino uma delas é a inversão de valores. No Reino dele e do Pai, o valores são contrários aos estabelecidos pelo curso do mundo (sociedade). No reino de Deus o último é o primeiro e o primeiro é o último. O sábio nada sabe e o inculto tem sabedoria. O forte nada conquista e o fraco é forte. O rico nem sempre é rico e o pobre sempre é rico. O que vive para ganhar a alma perde tudo e o que abre mão ganha à vida. Gente vale mais que corvos e pardais. Tesouro não se compara com Vida. Morrer é viver e viver nem sempre têm o sentido de estar vivo. Enfim, quando se vive no Reino e nos valores do Reino acontece uma inversão radical daquilo que até então tinha supremacia na existência pessoal e aquilo que era o chão da busca humana passa ser apenas esterco e nada mais. Portanto, tornar-se discípulo de Jesus é aceitar agora essa inversão de distinções humanas que mais cedo ou mais tarde será imposta a todos pela irresistível realidade do seu reino. Mas, infelizmente a vida humana sem dúvida resiste a essa grandiosa inversão. Para ela, a própria idéia dessa inversão é um insulto e uma ilusão. A nossa civilização está presentemente nos estágios avançados de uma “fuga de Deus”. A idéia de um mundo de Deus, mundo que tudo envolve e tudo permeia que toca cada aspecto da nossa vida, onde podemos estar sempre completamente à vontade e em segurança, independentemente do que aconteça na dimensão visível do universo, é comumente considerada ridícula. Não é difícil enxergar a forma concreta e opressora que a fuga de Deus assume hoje. Basta observar como as pessoas são ensinadas, avaliadas ou julgadas competentes em qualquer desses campos – trabalho, educação, casamento e até o ministério cristão. Você se verá frente a frente com o panorama da fuga de Deus. Todos nós vivemos nesse mundo, pois vivemos de acordo com as nossas competências. As nossas almas estão, conseqüentemente, embebidas de secularidade. Em qualquer área na qual as pessoas devam ser inteligentes e bem informadas, até o cristão mais ponderado e devoto achará difícil fazer uma apresentação convincente da relevância de Deus e do seu mundo espiritual para a vida real. O mundo real tem pouco espaço para um Deus de pardais e crianças. Diante desse mundo Jesus só pode parecer alguém do outro mundo – uma pessoa de bom coração, mas fora de contato com a realidade. Sim, é preciso admitir que ele é influente, mas só porque afirma coisas que os tolos e os medrosos fantasiam em face de um mundo brutal. Ele é como um animador de torcida que continua gritando - “Vamos ganhar!” - embora o placar esteja 98 a 3 contra nós no último minuto do jogo. Quando essa estratégia de abordagem do mundo real triunfa entre aqueles que professam Cristo como Mestre de suas vidas, eles podem então até ter fé na fé, mas terão pouca fé em Deus e no Mestre. Pois Deus e seu mundo simplesmente não são reais para eles. Podem acreditar na crença, mas não serão capazes de confiar em Deus – como muitas pessoas da nossa sociedade que amam o amor, mas na prática são incapazes de amar gente de carne e osso. Muitas pessoas que crêem em Jesus não acreditam na realidade em Deus. Dizendo isso, não quero condenar ninguém, mas tentar explicar por que a vida dos crentes está hoje como está, muitas vezes seguindo na direção contrária daquilo que eles sinceramente pretendem e afirmam crer. Assim, nenhuma inversão acontece e nenhuma manifestação visível do Reino de Deus, de fato, acontece. Que venha o Teu Reino, Senhor!
 
 
Nenhum comentário:
Postar um comentário