
É certo que as palavras mudam, ou podem mudar de significado com o tempo, ao longo dos tempos. Que há palavras que se ontem tinham um significado, hoje podem ter outro completamente diferente. O tempo e o sentido emprestado às palavras alteram, muitas vezes, radicalmente o significado de uma palavra antiga. Na história de uma língua, as palavras mudam de forma e significado, desaparecem umas e outras novas se incorporam ao idioma. Porém, meu desejo aqui não é fazer uma análise profunda sobre esse assunto. Nem mostrar historicamente os caminhos que provocaram mudanças profundas no significado e sentido expressado pelas palavras no passado e a mutação ocorrida em sua aplicabilidade atual. Apenas quero expor algumas considerações acerca da fé cristã. No passado, cristão tinha haver com a associação imitativa e caminhante de uma pessoa a pessoa de Cristo. Hoje significa apenas estar associado a alguma corrente institucional denominada cristã – seja católica, protestante ou evangélica. Ser evangélico era assumir o Evangelho como verdade absoluta para a vida. Hoje ser evangélico é frequentar uma igreja chamada evangélica e nada mais. Igreja era a composição de pessoas numa comunidade visando um bem mútuo em torno de Jesus Cristo. Hoje é estrutura rígida de uma construção feita de tijolos ou outros materiais (menos seres humanos). Ser santo tinha haver com espelhar, refletir o caráter do Mestre Jesus e do Pai. Hoje ser santo é abster de um monte de coisas, tornar-se alienado, ser moralista e perfeccionista. Ser adorador estava ligado ao sentido da postura de uma pessoa em relação ao Criador. Adorador hoje é cantar músicas consideradas santas e experimentar uma catarse espiritual. Espiritualidade era compreender a vida em suas dimensões mais diversas, levando ao exercício da nossa vocação aqui neste mundo, envolvendo corpo, coração, mente e todo o nosso esforço. Hoje espiritualidade são chavões, expressões culticas, estado místico ou um plano de êxtase (por isso a expressão – tal pessoa é “tão espiritual”). A benção de Deus era uma vida rica em Deus, nos seus valores e existência. Hoje é signo de retribuição monetária, ajuste familiar, cura física e proteção para todo tipo de mal. Boa Igreja era um grupo de pessoas que viviam na expressão do amor abnegado, da fé operante e firmeza na esperança em Jesus Cristo. Hoje é uma mega-estrutura, com centenas de programações, construção suntuosa, aglomerado de multidão, momentos musicais atrativos e manifestações “divinas” constantes. Infelizmente esse é o sentido que algumas palavras ganharam com o tempo. Tais mudanças faz um mal terrível à verdadeira caminhada cristã. De minha parte, sei que outras palavras mudaram o sentido e não posso evitá-las quanto à aplicabilidade diária. Mas, quanto ao Reino de Deus e os significados primeiros, prefiro ser – à moda antiga. Creio assim ser coerente com o sentimento do Criador e do Mestre Jesus.
 
 
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