sexta-feira, 15 de maio de 2009

Pássaros não foram criados para ficar presos. Eles foram criados para voar. Deus criou os pássaros e os homens criaram as gaiolas. Da mesma forma, os homens não foram criados para viverem aprisionados pela religião nem pelas imposições legalistas e controladoras em nome da fé e de Cristo. Infelizmente, as gaiolas religiosas estão espalhadas em quase todos os lugares. Ali estão seres humanos que acabam comendo dia após dia do alpiste colocado pelo detentores das gaiolas e que sempre buscam o fruto do alimento: o canto. Pobres cantos, pobres pessoas. São cantos condicionados e aprisionados. Dê minha parte prefiro voar, alimentar-me daquilo que vem do criador e cantar o canto da liberdade em Cristo. Leia esse poema abaixo e seja livre.


O Pássaro Cativo

Armas, num galho de árvore, o alçapão;
E, em breve, uma avezinha descuidada,
Batendo as asas cai na escravidão.
Dás-lhe então, por esplêndida morada,
A gaiola dourada;
Dás-lhe alpiste, e água fresca, e ovos, e tudo:
Porque é que, tendo tudo, há de ficar
O passarinho mudo,
Arrepiado e triste, sem cantar?
É que, crença, os pássaros não falam.
Só gorjeando a sua dor exalam,
Sem que os homens os possam entender;
Se os pássaros falassem,
Talvez os teus ouvidos escutassem
Este cativo pássaro dizer:
“Não quero o teu alpiste!
Gosto mais do alimento que procuro
Na mata livre em que a voar me viste;
Tenho água fresca num recanto escuro
Da selva em que nasci;
Da mata entre os verdores,
Tenho frutos e flores,
Sem precisar de ti!
Não quero a tua esplêndida gaiola!
Pois nenhuma riqueza me consola
De haver perdido aquilo que perdi ...
Prefiro o ninho humilde, construído
De folhas secas, plácido, e escondido
Entre os galhos das árvores amigas ...
Solta-me ao vento e ao sol!
Com que direito à escravidão me obrigas?
Quero saudar as pompas do arrebol!
Quero, ao cair da tarde,
Entoar minhas tristíssimas cantigas!
Por que me prendes? Solta-me covarde!
Deus me deu por gaiola a imensidade:
Não me roubes a minha liberdade ...
Quero voar! voar! ... “
Estas cousas o pássaro diria,
Se pudesse falar.
E a tua alma, criança, tremeria,
Vendo tanta aflição:
E a tua mão tremendo, lhe abriria
A porta da prisão... Olavo Bilac

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